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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

AVALIAÇÃO ESCOLAR: Diagnóstico para estabelecimento de metas ou instrumento de punição do aluno?

Texto do Professor Walter Monteiro

O assunto mais comentado pelos alunos no final de todo ano letivo é sobre os resultados das notas geradas pelo processo de avaliação utilizado pela escola e sobretudo aqueles atribuídos por cada professor em suas respectivas disciplinas.

Perguntas como do tipo ‘quanto eu preciso pra passar de ano?’ ou ainda ‘será que o professor fulano de tal vai me deixar mesmo reprovado(a)?’ compõe um universo de questões que são expostas pela maioria do alunos que ainda se preocupam com os resultados das avaliações.

Na época que estudei o ensino fundamental entre 93 a 98 que ainda era dividido em primário e ginásio (nomenclatura utilizada para o ensino fundamental anterior à Lei 9394/96) se ouvia falar muito em castigos físicos como o famoso ‘bolo’ utilizado na hora da tabuada pra saber se havia aprendido ou não as operações matemáticas e o mais temido de todos, ‘ficar de joelhos no caroço de milho’.

Hoje me pergunto se aprendi um pouco das quatro operações porque estava interessado em descobrir o mundo da matemática ou simplesmente pra vencer o ‘medo’ de levar um calo na mão caso pegasse um ‘bolo’ como forma de punição por não saber responder a pergunta da tabuada.

Por mais estranho que pareça aos colegas defensores de uma teoria que sustenta a Avaliação do Rendimento Escolar como um instrumento de diagnóstico da aprendizagem do aluno para possíveis intervenções e estabelecimentos de metas que visam corrigir os indesejáveis resultados negativos, ainda existem professores que em vez de avaliar o aluno pelo desempenho do processo ensino-aprendizagem, o avaliam pelo comportamento.

O curioso desse critério de avaliação é o fato dele nos remeter ao modelo usado na ditadura militar, ou seja, o aluno mesmo que não aprenda pelo menos o nome de um filósofo do período pré-socrático, se sente na obrigação de ‘se comportar’ pra ser avaliado e receber uma nota pelos menos no nível da média de aprovação.

Como professor, não posso negar que as atitudes de um aluno indisciplinado comprometem bastante a qualidade do nosso trabalho em sala de aula mas, como educador preciso sustentar o discurso em dois pontos principais: primeiro, o aluno deve ser avaliado dentro de um contexto do processo ensino-aprendizagem; segundo, quem deve avaliar as pessoas por comportamento são os diretores da unidades prisionais para fins de concessão de liberdade.

No entanto, mesmo sabendo de tudo isso, todo final de ano letivo somos levados pelas nossas dúvidas a perguntar ao nosso supervisor escolar (coordenador pedagógico) ‘o que eu faço? Passo ou o reprovo?’ E alguns deles no seu inconsciente nos devolvem o problema com outras perguntas: ‘o aluno foi avaliado corretamente? Que tipo de critérios foram utilizados para avaliar o aluno? Como o processo de avaliação é contínuo, que tipo de intervenção foi executada quando se obteve resultados abaixo da média?

E pra finalizar, quando avaliamos apenas por avaliar e cumprir uma tarefa do calendário escolar sem refletir nesses pontos, é o mesmo que fazermos um exame médico, diagnosticar uma doença, conhecer o remédio que devemos tomar e não cumprir com as orientações do médico sobre a doença em questão. E parafraseando o meu amigo Toussaint em suas postagens polêmicas só me resta dizer ‘e você leitor, o que tem a dizer sobre isso?’. Professor Walter Monteiro

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