Texto do Professor Walter Monteiro
O assunto mais comentado pelos alunos no final de todo ano letivo é
sobre os resultados das notas geradas pelo processo de avaliação
utilizado pela escola e sobretudo aqueles atribuídos por cada professor
em suas respectivas disciplinas.
Perguntas como do tipo ‘quanto eu preciso pra passar de ano?’ ou
ainda ‘será que o professor fulano de tal vai me deixar mesmo
reprovado(a)?’ compõe um universo de questões que são expostas pela
maioria do alunos que ainda se preocupam com os resultados das
avaliações.
Na época que estudei o ensino fundamental entre 93 a 98 que ainda era
dividido em primário e ginásio (nomenclatura utilizada para o ensino
fundamental anterior à Lei 9394/96) se ouvia falar muito em castigos
físicos como o famoso ‘bolo’ utilizado na hora da tabuada pra saber se
havia aprendido ou não as operações matemáticas e o mais temido de
todos, ‘ficar de joelhos no caroço de milho’.
Hoje me pergunto se aprendi um pouco das quatro operações porque
estava interessado em descobrir o mundo da matemática ou simplesmente
pra vencer o ‘medo’ de levar um calo na mão caso pegasse um ‘bolo’ como
forma de punição por não saber responder a pergunta da tabuada.
Por mais estranho que pareça aos colegas defensores de uma teoria que
sustenta a Avaliação do Rendimento Escolar como um instrumento de
diagnóstico da aprendizagem do aluno para possíveis intervenções e
estabelecimentos de metas que visam corrigir os indesejáveis resultados
negativos, ainda existem professores que em vez de avaliar o aluno pelo
desempenho do processo ensino-aprendizagem, o avaliam pelo
comportamento.
O curioso desse critério de avaliação é o fato dele nos remeter ao
modelo usado na ditadura militar, ou seja, o aluno mesmo que não
aprenda pelo menos o nome de um filósofo do período pré-socrático, se
sente na obrigação de ‘se comportar’ pra ser avaliado e receber uma nota
pelos menos no nível da média de aprovação.
Como professor, não posso negar que as atitudes de um aluno
indisciplinado comprometem bastante a qualidade do nosso trabalho em
sala de aula mas, como educador preciso sustentar o discurso em dois
pontos principais: primeiro, o aluno deve ser avaliado dentro de um
contexto do processo ensino-aprendizagem; segundo, quem deve avaliar as
pessoas por comportamento são os diretores da unidades prisionais para
fins de concessão de liberdade.
No entanto, mesmo sabendo de tudo isso, todo final de ano letivo
somos levados pelas nossas dúvidas a perguntar ao nosso supervisor
escolar (coordenador pedagógico) ‘o que eu faço? Passo ou o reprovo?’ E
alguns deles no seu inconsciente nos devolvem o problema com outras
perguntas: ‘o aluno foi avaliado corretamente? Que tipo de critérios
foram utilizados para avaliar o aluno? Como o processo de avaliação é
contínuo, que tipo de intervenção foi executada quando se obteve
resultados abaixo da média?
E pra finalizar, quando avaliamos apenas por avaliar e cumprir uma
tarefa do calendário escolar sem refletir nesses pontos, é o mesmo que
fazermos um exame médico, diagnosticar uma doença, conhecer o remédio
que devemos tomar e não cumprir com as orientações do médico sobre a
doença em questão. E parafraseando o meu amigo Toussaint em suas
postagens polêmicas só me resta dizer ‘e você leitor, o que tem a dizer
sobre isso?’.
Professor Walter Monteiro
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