O estudante João Vitor Gomes, de 14 anos, morto após tiros dentro do Colégio Goyases, em Goiânia, era um dos amigos do atirador, segundo os próprios alunos. Eles relataram à TV Anhanguera que o autor e a vítima andavam juntos durante os intervalos e conversavam com frequência.
Um dos estudantes, que não quis ter a identidade revelada, contou que o
primeiro a receber os disparos foi João Pedro Calembo, de 14 anos. O
estudante se sentava atrás do autor e, segundo relatos de alunos, fazia
bullying com ele.
“Ele matou o João Pedro Calembo, depois ele foi atirando nas outras
pessoas. O alvo dele, com certeza, não foi o João Vitor”, contou.
À TV Anhanguera, professores relataram que o autor tinha boas notas e
era dedicado aos estudos. Os colegas o consideravam o adolescente uma
pessoa quieta e reservada.
Conforme a Polícia Civil, o adolescente atirou contra os colegas no fim da manhã de sexta-feira (20)
dentro da sala de aula do 8º ano do Colégio Goyases, no Conjunto
Riviera. Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, responsável pelo caso, o
adolescente de 14 anos autor dos disparos disse que sofria bullying de
um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. Ele é filho de policiais militares, pegou a pistola .40 da mãe e levou para a unidade educacional.
“Ele ia matar todo mundo. Levou dois carregadores para a escola.
Descarregou o primeiro, carregou o segundo, deu um tiro, mas foi
abordado pela coordenadora. Ele pensou até em se matar, apontou a arma
para a cabeça, mas ela o convenceu a travar a arma”, disse ao G1.
Funcionários da escola levaram o autor dos disparos para a biblioteca
para aguardar a chegada dos policiais. Ele foi apreendido e levado para a
Depai, onde contou que atirou primeiro contra João Pedro porque ele
fazia bullying com o suspeito.
Despedida
Os corpos das vítimas começaram a ser velados na madrugada de sábado (21).
Os familiares e amigos do estudante João Vitor foram se despedir no
Cemitério Jardim das Palmeiras. Já o velório do adolescente João Pedro
ocorre no Parque Memorial.
Conforme informou o Instituto Médico Legal (IML) à TV Anhanguera, foi
feita necropsia nos corpos e eles foram liberados por volta de 21h40 de
sexta para as famílias.
Vigília
No início da noite desta sexta-feira, pais, alunos, funcionários e professores da escola começaram uma vigília na porta da instituição onde o atentado aconteceu. Várias pessoas se mobilizaram no local acendendo velas e fazendo orações.
A professora Sandra Oliveira Santos esteve no local para participar das
homenagens e contou que todos ainda estão muito abalados com o
ocorrido. "A gente ainda está meio assustado. Você não sabe se fica com
mais piedade daquele que realmente cometeu o ato ou daqueles que foram
vítimas", disse.
Baleados
Além dos dois adolescentes mortos, quatro colegas ficaram feridos. O
pai da estudante Marcela Rocha Macedo, de 13 anos, trabalha na escola e viu a filha baleada. Ele
conta que chegou a temer pela própria vida. "Ele [adolescente] apontou a
arma para mim. Achei que ia morrer", disse o auxiliar administrativo
Mauri Aragão.
O estudante Yago Marques, de 13 anos, também ficou ferido. Apesar de estar baleado, o garoto gravou um vídeo dizendo que está se recuperando bem do "susto" (assista abaixo).
O pai dele, Tiago Barbosa Gomes, contou que levou o filho e outra
estudante no próprio carro até o hospital. A mãe de Hyago, Andréa
Marques, conta que, segundo seu filho, não houve qualquer briga que
motivasse os tiros.
Dos quatro feridos, três
foram levados para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e um foi
encaminhado para o Hospital dos Acidentados, ambos na capital. Confira
os estados de saúde deles:
- Yago Marques – 13 anos: Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.
- Isadora de Morais – 14 anos: Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela ainda corre risco de vida.
- Lara Fleury Borges – idade não confirmada: Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e respirando espontaneamente.
- Marcela Rocha Macedo – 13 anos: Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e está internada na enfermaria. Paciente está consciente e respirando sem aparelhos.
Escola
O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sepe) de
Goiânia junto ao Conselho Estadual informou à TV Anhanguera, por meio de
nota, nesta sexta-feira, que estão dando todo apoio à escola e aos
parentes dos alunos da instituição.
Ainda conforme os órgãos, representantes foram até o colégio,
conversaram com professores e direção e apuraram que o estudante autor
dos disparos não apresentava comportamento suspeito. O texto destaca que
as aulas no Colégio Goyases estão suspensas sem previsão de retorno.
O que se sabe até agora:
Veja a sequência dos fatos:
- Colegas relatam que ouviram um barulho
- Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando
- Alunos correram para fora da sala de aula
- O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma
- Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais
Pânico
Uma estudante de 15 anos relatou que, quando ouviu o primeiro disparo, não imaginou que fosse um tiro.
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